Obras de Nonato Oliveira estão em extinção em Teresina
O artista plástico sãomiguelense, Nonato Oliveira, criador de painéis que já são uma tradição na cidade, vê com tristeza nos olhos o próprio trabalho virar material de entulho.
O legado cultural moderno de Teresina está em risco. O artista plástico sãomiguelense, Nonato Oliveira, criador de painéis que já são uma tradição na cidade, vê com tristeza nos olhos o próprio trabalho virar material de entulho. Somente no Centro de Teresina foram oito painéis destruídos, e mais um pode integrar a lista.
Trata-se do painel localizado no muro de um colégio particular, localizado na Rua Paissandu. Ele possui 63 m de comprimento e 3 m altura, e o artista levou aproximadamente dois meses para finalizá-lo, com a ajuda de quatro pedreiros que fizeram o reboco enquanto Nonato cortava os desenhos com estilete e depois pintava.
A obra, que foi concebida ainda na década de 80, é considerada um dos mais belos painéis de Nonato espalhados pela cidade. A beleza da produção, que foi preservada pelo colégio depois de mais de 30 anos, está na iminência de ser derrubado para dar lugar a uma faculdade de uma rede paulista de ensino.
“Eu fico muito triste em ver que estão desmanchando. Só na Avenida Frei Serafim já desmancharam oito, inclusive o da Escola da Assembleia Legislativa, que fizeram um colégio particular depois e tamparam tudo com cerâmica. Agora devem fazer o mesmo com esse da Rua Paissandu”, relata Nonato.
Além do painel da escola, Nonato ainda preserva e mantém mais duas produções semelhantes, que em breve serão restauradas pelo artista. “O do Centro de Convenções vou restaurar agora. Do Riverside também, o do supermercado, mas este vou precisar de autorização primeiro, porque é particular”, acrescenta o artista plástico.
População pede permanência de painéis
Fazendo coro às reclamações de Nonato Oliveira, a população não está nada satisfeita com a possibilidade de mais um painel do artista ser retirado. “A obra do Nonato é a cara de Teresina. Não justifica tirá-los, podem muito bem construir a faculdade sem deteriorar o muro. Engenharia serve para isso também”, opina a aposentada Marta Mendes.
“Eu acho uma falta de respeito com o artista, com a obra e com a população que já é tão carente de cultura”, considera a advogada Camilla Aragão. “Assim fica difícil criar uma identidade em Teresina”, pontua a universitária Ingrid Camilla. “Indigno e revoltante”, enfatiza a professora e artista plástica Luciana Leite.
Fonte: Meio Norte